Difícil recomeçar quando o percurso foi apagado.
Mesmo com o perdão da insónia, café, álcool ou
ópio, pra dar um ar blassé à estória,
A falha ainda é sua, o resto é coadjuvante.
Eu sou aquele vazio que insiste em ser preenchido por sopro,
Brisa desolada e cabisbaixa,
Daquela que não move nem os finos galhos do menor arbusto.
E mesmo no copo, me fazem de tempestade.
Parece-me injusto
Tratar assim de assuntos tão delicados.
Mas palavra pode ser navalha, cortar com precisão,
E quando não... Paciência, pois o "quando sim" compensa.
É delicado, de fato, e eu tendo a cometer injustiças...
Disfarço o conteúdo com vogais sonoras em “ais” doloridos
Ou comprometo-me a remoer, rebater, corroer, na exposição do
rangido
De consoantes.
Entre a falha, o vazio e a navalha
O tempo é o fio que conduz.
Tempo cortante, que esvazia e faz errar de novo.
E eu, mesmo péssimo julgador, sirvo de isolante:
O susto é memória do que não fazer,
Ou do que vai acontecer com seu estomago se resolver pular.
Mas vocês insistem em me ter pra automutilação.
Tenho quase certeza que o problema é como ensinaram vocês a
me usar.
Pois
Se decidir
subir na montanha –
russa, melhor lembrar
de não
comer aquela buchada,
do que ser lembrado
do seu almoço pelo teu bucho
revirando nas
entranhas
pela súbita
descida,
não
é?