sábado, 17 de agosto de 2013

Endoscopia

Sabe a agulha do palheiro,
aquela bem perdida,
que só aparece a quem é palha?

Tá cá dentro do meu peito
perdida como cego
em tiroteio.

Tá cá dentro do tórax
fazendo como alfinete
que engoli
por acidente.

Agitando no meu abdome
Sobe, desce,
sobe,
desce.

Me costurando por dentro, doída.
E dói,
dolorida,
como dói.



Seguro não morreu de velho

Segurar a palavra
na garganta
dolorida
pelo não.

Segurar o choro
preso no peito
pulsante
do perdão.

Segurar o destino
entre os dedos
esmagados
 pela mão.

Segurar não é seguro,
a medida certa
do aperto
é a saudade.