Infância, desde quando vc se foi?
Rolar naquelas sinceras vontades
Sentir era tão fácil
O medo era do escuro
Minha mãe me deu um livro
“O livro dos monstros”
O monstro embaixo da cama, dentro do armário
O galho batendo na janela, balançando
A cortina fantasma
(...)
Todos aqueles apertos noturnos
Presenças indesejadas
Se transformaram
Nessa falta
Minha mãe não me deu um livro
Pra isso
Só Neruda, Drummond e Andrade
Pra isso só coragem
Daquelas que você não aprende
Muitos adultos viram bohemios
Outros mães ou pais, professores, doutores, ricões
Ainda bohemios...
A bohemia é aquele abajú
Que pedia pra mamãe deixar aceso
-Dirliga não!
Os monstros da escuridão
Viram as sombras iluminadas
Dos ainda monstros.
Adultos falam tanto
Em crescer
Mas adoram viver de ilusão
-Dirliga não!
-É "desliga", filha.