segunda-feira, 10 de junho de 2013

À medida

Difícil recomeçar quando o percurso foi apagado.
Mesmo com o perdão da insónia, café, álcool ou
ópio, pra dar um ar blassé à estória,
A falha ainda é sua, o resto é coadjuvante.
                                                                                                                                            
Eu sou aquele vazio que insiste em ser preenchido por sopro,
Brisa desolada e cabisbaixa,
Daquela que não move nem os finos galhos do menor arbusto.
E mesmo no copo, me fazem de tempestade.

Parece-me injusto
Tratar assim de assuntos tão delicados.
Mas palavra pode ser navalha, cortar com precisão,
E quando não... Paciência, pois o "quando sim" compensa.

É delicado, de fato, e eu tendo a cometer injustiças...
Disfarço o conteúdo com vogais sonoras em “ais” doloridos
Ou comprometo-me a remoer, rebater, corroer, na exposição do rangido  
De consoantes.

Entre a falha, o vazio e a navalha
O tempo é o fio que conduz.
Tempo cortante, que esvazia e faz errar de novo.
E eu, mesmo péssimo julgador, sirvo de isolante:

O susto é memória do que não fazer,
Ou do que vai acontecer com seu estomago se resolver pular.
Mas vocês insistem em me ter pra automutilação.
Tenho quase certeza que o problema é como ensinaram vocês a me usar.

Pois
Se decidir
subir na montanha –
russa, melhor lembrar de não
comer aquela buchada, do que ser lembrado
do seu almoço pelo teu bucho
revirando nas entranhas
pela súbita
descida,
não
é?

Nenhum comentário:

Postar um comentário