Ele diz saber de minhas intenções.
Perdoe-me o tom da palavra,
mas como pode tão grande cegueira
guiar tamanho coração?
Sento na cadeira pela segunda vez
como não o fiz por anos,
só em resposta à provocação.
Minhas vísceras viram ao avesso e
quase esqueço do porque me escondo
por debaixo dos panos.
Querido romance,
minha alma não exponho fácil assim.
Meu sexo é do escuro, a luz revela demais.
Diante da branquitude de um quarto corro
para longe, até que meus pulmões se afoguem em si,
e me falte o ar, memória e visão.
Mas é nessa tua cama iluminada
que deixo minha alma,
cada vez que levanto.
Devolvo ao chão as roupas nas quais me escondo,
e faço isso fácil, num nu automático
fruto do teu encanto.
Portanto não me ofenda,
não sou oferenda afogada na areia do Rio que é mar.
Sou meus olhos no escuro,
fazendo luz reluzir mais que a rua
iluminada em lua,
quando estas em mim.
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